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Maduro e Oposição Reivindicam Vitória nas Eleições Venezuelanas; Comunidade Internacional Expressa Dúvidas

 

Caracas, Venezuela – A recente eleição presidencial na Venezuela mergulhou o país em um novo capítulo de incertezas, com o presidente Nicolás Maduro e seu principal opositor, Edmundo González, ambos reivindicando vitória. Enquanto o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que Maduro conquistou um terceiro mandato com 51% dos votos, pesquisas de boca de urna independentes sugerem uma vitória esmagadora da oposição.

Pouco após a meia-noite, o CNE declarou Maduro vencedor, estendendo assim um regime socialista que já dura 25 anos. No entanto, González, apoiado pela líder da oposição María Corina Machado, alega que obteve 70% dos votos. Segundo Machado, que foi impedida de ocupar cargos públicos em uma decisão que ela considera injusta, as pesquisas de boca de urna apontavam para uma ampla vantagem de González.

Diante de seus apoiadores, González acusou a violação das regras eleitorais no dia da votação e afirmou que a luta pela mudança pacífica e pelo respeito à vontade do povo venezuelano continua. “Nossa mensagem de reconciliação e mudança pacífica continua de pé… nossa luta continua e não descansaremos até que a vontade do povo da Venezuela seja respeitada”, declarou.

Embora não tenha convocado seus apoiadores para protestos, incidentes isolados foram registrados em várias partes do país. Em Táchira, um homem foi morto, e em Caracas, a polícia dispersou um protesto em Catia, uma área tradicionalmente dominada pelo partido governista.

Reações Internacionais

A comunidade internacional expressou sérias preocupações sobre a legitimidade dos resultados. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, destacou dúvidas sobre a imparcialidade do CNE, que, segundo a oposição, atua como um braço do governo de Maduro.

Governos de Argentina, Costa Rica, Peru e Chile rejeitaram os resultados. O presidente argentino, Javier Milei, classificou o resultado como uma fraude, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, pediu a apresentação de detalhes de todas as seções eleitorais para garantir a verificação dos resultados.

Em contrapartida, Rússia, Cuba, Honduras e Bolívia saudaram a vitória de Maduro. O presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Maduro e reafirmou a parceria estratégica entre os dois países.

Controvérsias e Fraude


A Edison Research e a Meganalisis publicaram pesquisas de boca de urna que mostram resultados discrepantes dos oficiais, apontando para uma vitória significativa de González. Antes da eleição, já havia preocupações sobre a imparcialidade do processo, exacerbadas por prisões de opositores e decisões controversas das autoridades eleitorais.

A eleição também foi marcada por relatos de fraude e intimidação de eleitores. Uma imagem divulgada pela rede de televisão estatal Telesur mostrou percentuais que somavam 132%, alimentando ainda mais as alegações de fraude. Segundo a emissora, houve um erro na diagramação das porcentagens, e os dados corretos indicam que os oito candidatos menos votados juntos obtiveram 4,6% dos votos.

O Futuro da Venezuela

Com a legitimidade do processo eleitoral questionada tanto internamente quanto internacionalmente, a Venezuela enfrenta um período de incerteza política. A oposição não demonstrou clareza sobre seus próximos passos, mas González reafirmou seu compromisso com uma luta pacífica e democrática.

Enquanto Maduro se prepara para um terceiro mandato, a pressão por transparência e justiça eleitoral aumenta, com observadores internacionais e governos estrangeiros pedindo acesso às atas das urnas para verificação dos resultados. O desenrolar dos acontecimentos nas próximas semanas será crucial para o futuro político do país.

Fotos: Presidente da Venezuela Nicolás Maduro celebra após eleição 29/7/2024 REUTERS/Fausto Torrealba

© Thomson Reuters / Estadão

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