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Frei Gilson: o sacerdote anticomunista que divide opiniões entre esquerda e direita no Brasil.

Nos últimos dias, o frei Gilson, um dos mais influentes sacerdotes católicos do Brasil, tornou-se centro de uma nova polêmica nas redes sociais e no debate público. Defensor de pautas conservadoras e com grande presença digital, ele recebeu críticas da esquerda e apoio da direita após um sermão em que defendeu que a mulher deve exercer o papel de “auxiliar” do homem. A declaração intensificou as discussões sobre a relação entre religião e política no país.

O Fenômeno Frei Gilson

Com mais de sete milhões de seguidores no Instagram e 6,72 milhões de inscritos no YouTube, frei Gilson é uma figura popular entre os católicos brasileiros. Sua presença nas redes sociais tem sido estratégica para a propagação de sua mensagem, que mistura elementos da doutrina católica tradicional com discursos voltados às questões sociais e políticas do Brasil.

Desde o início da pandemia, ele ampliou sua atuação digital, conquistando milhões de espectadores com transmissões de missas e orações. Seu estilo carismático e firme no discurso atraiu uma grande quantidade de fiéis e, ao mesmo tempo, gerou resistências entre setores mais progressistas da sociedade.

A Declaração Polêmica

Na semana passada, uma de suas pregações repercutiu de forma intensa nas redes sociais. Em seu sermão, frei Gilson afirmou que o empoderamento feminino é uma ideologia moderna e que a mulher tem o papel de auxiliar o homem, seguindo um plano divino. Ele criticou a “guerra dos sexos”, chamando-a de uma ideologia “diabólica”.

A fala gerou uma onda de críticas por parte de militantes de esquerda e defensores dos direitos das mulheres. Por outro lado, foi rapidamente abraçada por figuras da direita política, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que saíram em defesa do frei.

Religião e Política: O Novo Campo de Batalha

Embora frei Gilson nunca tenha declarado apoio direto a Jair Bolsonaro, sua pregação está alinhada com bandeiras defendidas pelo ex-presidente e pelo campo conservador, como a luta contra o aborto e a oposição às pautas LGBTQIA+.

Durante o período eleitoral, ele alertou sobre a perseguição de clérigos na Nicarágua, sob o governo de Daniel Ortega, algo que foi explorado pela campanha de Bolsonaro para alertar sobre riscos ao cristianismo no Brasil. Mais recentemente, seu nome apareceu nos relatórios da Polícia Federal na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, por ter recebido e repassado uma “oração do golpe”. No entanto, ele não foi indiciado e não há provas de que tenha participado de qualquer conspiração.

Frei Gilson é Bolsonarista?

Especialistas divergem sobre essa questão. A pesquisadora Tabata Tesser, da USP, aponta que frei Gilson é fruto de um movimento da Igreja Católica para aumentar sua influência nas redes sociais. Segundo ela, ele representa uma nova geração de “clérigos influenciadores”, que difundem um discurso conservador sem necessariamente terem vinculação partidária.

Por outro lado, a cientista política Ana Carolina Evangelista, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), considera que ele pertence ao campo ultraconservador, mas não pode ser classificado como bolsonarista. Para ela, o aumento do ativismo católico conservador antecede Bolsonaro e não é exclusivo de seu grupo político.

O Impacto da Polêmica

A repercussão do caso aumentou ainda mais a projeção de frei Gilson. As buscas por seu nome no Google atingiram um pico nos últimos dias, e sua popularidade segue em alta. O debate sobre sua figura reflete a crescente polarização política e o peso da religião na esfera pública brasileira.

Enquanto setores da esquerda alertam para os riscos de um discurso que reforça a desigualdade de gênero, a direita aproveita o episódio para reforçar a narrativa de perseguição aos cristãos. No meio desse embate, frei Gilson continua consolidando seu espaço como uma das vozes mais influentes do catolicismo conservador no Brasil.

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