Flórida, EUA – No início de março, uma cena inusitada chamou a atenção da bióloga marinha Hanna Koch durante um mergulho no litoral da Flórida. Ao avistar uma garrafa de cerveja no fundo do mar, Hanna decidiu recolher o objeto para descartá-lo corretamente. No entanto, ao olhar dentro do recipiente, ela se deparou com uma família de polvos vivendo ali.

Dentro da garrafa estavam uma fêmea adulta e dezenas de filhotes da espécie Octopus mercatoris, popularmente conhecida como polvo-pigmeu. Considerada altamente inteligente, essa espécie costuma utilizar objetos descartados no mar, como garrafas e latas, como abrigo ou berçário.
A bióloga, acompanhada de uma colega de mergulho, optou por devolver cuidadosamente o recipiente ao local onde o encontrou, preservando o ambiente improvisado dos animais.
Apesar da cena despertar curiosidade e até mesmo ternura, especialistas alertam que esse comportamento é um reflexo direto da degradação ambiental. Os polvos pigmeus naturalmente utilizam recifes de coral para se proteger e reproduzir, mas com a destruição progressiva desses ecossistemas, causada pela poluição marinha e mudanças climáticas, os animais têm recorrido ao lixo humano como única alternativa de abrigo.
De acordo com a ONG Ocean Conservancy, mais de 11 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos todos os anos. E entre os itens mais encontrados em limpezas submarinas estão garrafas, latas e embalagens diversas, que muitas vezes se tornam armadilhas ou moradas temporárias para a fauna marinha.
A descoberta feita por Hanna serve como um alerta não apenas para a necessidade urgente de preservar os oceanos, mas também para a importância de descartar o lixo corretamente. “Se queremos proteger a vida marinha, precisamos começar pelas nossas ações em terra firme”, declarou a bióloga em entrevista ao canal local WFLA.