Se estivesse viva, Mãe Stella de Oxóssi (1925-2018) completaria 100 anos nesta sexta-feira, 2. A ialorixá, que comandou o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá por mais de quatro décadas e foi uma das mais influentes líderes do candomblé na Bahia, recebeu uma homenagem no Palacete Góes Calmon, sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), em Salvador. O evento foi marcado por muita emoção e ancestralidade.
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Na ocasião, aconteceu o lançamento do Instituto Mãe Stella de Oxóssi e a assinatura do Protocolo de Intenções com a ALB, visando firmar parceria entre as instituições. Mãe Stella foi eleita imortal da Academia em 25 de abril de 2013. Em 12 de setembro do mesmo ano, passou a ocupar a cadeira 33, cujo patrono era Castro Alves e, na época, pertencia ao professor e historiador Ubiratan Castro, falecido em janeiro de 2013.Mãe Stella foi a primeira Ialorixá do Brasil a integrar uma academia de letras.“O centenário de Mãe Stella de Oxóssi é um fato relevante do ponto de vista da história dos povos de matriz africana no Brasil, para a cultura baiana e para o povo baiano”, disse o professor Aleilton Fonseca, presidente da ALB, em entrevista ao Portal A TARDE.
Aleilton Fonseca, presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB)
| Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Para ele, “o surgimento do Instituto Mãe Stella de Oxóssi vem em boa hora para continuar a sua obra, agora, através de seus descendentes, de seus filhos, dar continuidade a esta obra social, voltada aos humildes, aos direitos das pessoas e pela promoção das pessoas na sociedade”.Instituto Mãe Stella de Oxóssi
Centenário de Mãe Stella de Oxóssi
| Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
O presidente do Instituto Mãe Stella de Oxóssi, Adriano Azevedo, pontuou que o foco da entidade é dar continuidade ao que a Ialorixá, que era sua tia, deixou. Segundo ele, os objetivos seguem esse caminho.“Mãe Stella tinha como premissa primordial a educação, que vai ser a base do instituto. Teremos também outras ações de assistência social para crianças, jovens, mulheres em situação de violência doméstica e algumas voltadas para a segurança alimentar. É um projeto de uma vida toda, de tudo que Mãe Stella fez durante 42 anos dentro do terreiro. O Instituto vem com esse objetivo”, detalhou.Adriano destacou a relevância disso tudo está acontecendo dentro da Academia de Letras da Bahia, “espaço onde a literatura está dentro desse panorama”.
Serve para mostrar à sociedade que gente preta também tem acesso a esses lugares. Ela vem dentro desse contexto de mostrar que a gente também pode alcançar os mais diversos espaços.
Adriano Azevedo – presidente do Instituto Mãe Stella de Oxóssi
Adriano Azevedo, presidente do Instituto Mãe Stella de Oxóssi
| Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
De acordo com o rapaz, a criação do Instituto Mãe Stella de Oxóssi não teve um extenso planejamento. “Não foi agora, mas também não foi algo que vem a longo prazo. Foi a partir de várias conversas com uma grande amiga minha, Isaura. E a partir disso, eu comecei a amadurecer”, contou.Ele seguiu: “Uma outra pessoa que não conhece Isaura, também falou sobre. E aí eu percebi que não eram elas que estavam falando, existia alguma energia, porque uma não conhece a outra. Então, como é que uma fala de um instituto, e a outra também fala. Eu parei para analisar, consultar as nossas energias, os orixás, os ancestrais, e hoje está se consolidando esse intento que é dar continuidade ao legado de Mãe Stella”.Quem também esteve presente na homenagem foi o professor Edvaldo Brito, que tinha uma relação muito forte com a ialorixá. “Mãe Stella foi uma das personalidades mais importantes da Bahia. Eu tinha uma vida estreitada com a dela, portanto posso falar de transversalidade de vidas. […] Ela tinha um perfeito conhecimento da disciplina religiosa e, como mulher de cultura, nem se fala”, relembrou.
Edvaldo Brito, ex-prefeito de Salvador que ocupa a cadeira de número 3 da ALB
| Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
O ex-prefeito de Salvador, que ocupa a cadeira de número 3 da ALB, disse que uma mulher como Mãe Stella de Oxóssi merece todas as nossas homenagens. “Como religiosa, extremamente crente. Como personalidade do mundo em que vivemos todos nós, Stella merece todas as homenagens, inclusive aquele monumento que tem em homenagem a ela no caminho do Aeroporto”, completou.
Fonte: atarde.com.br