A maior parte das associações que descontavam valores de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – no esquema revelado pela Controladoria Geral da União (CGU) -, não tinha sequer espaço para receber seus associados. Pior que isso, não tinham sequer um funcionário.A revelação está no relatório da Polícia Federal (PF), que identificou, no âmbito da operação que apura fraudes no INSS, ausência de estrutura física adequada e compatível com as ações de captação, filiação e atendimento da quantidade de associados registrados.“Considerando sobretudo sua distribuição espacial, vez que possuem associados, via de regra, em todo o território nacional, situação identificada em visita às sedes dessas entidades e a partir de entrevistas com responsáveis pelas entidades ou por seus interlocutores”, diz o relatório.Em consulta aos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), com informações até 2021, e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), exercícios 2022 e 2023, foi verificado que cinco das oito associações da amostra não tinham nenhum empregado em 2021 e uma delas tinha três empregados na RAIS daquele ano.“Comparando-se o quantitativo da força de trabalho dessas entidades com a quantidade de associados a elas vinculados, e considerando ainda a distribuição territorial das localidades onde residem, resta dúvidas quanto à possibilidade de atendimento operacional, até mesmo para captar e processar o grande número de filiações em tantos municípios ou para prestar serviços a esses associados”, completa.O documento da PF também aponta que algumas entidades contam com dirigentes ou administradores com perfil incompatível com a função; além de possuir representantes de fachada e potencial conflito de interesses em comparecimento de diretores do INSS a assembleia e eventos realizados pelas associações.“Associações que possuem presidentes com idade avançada, o que poderia comprometer suas ações à frente da entidade, beneficiários de aposentadoria por incapacidade permanente e/ou sem experiência empregatícia formal, o que pode indicar eventual comprometimento da capacidade para gerenciamento das entidades”, conclui o texto.
Fonte: atarde.com.br