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“Na Pele do Paciente”: seminário propõe olhar humanizado nas redes de saúde

Diretores, gestores e profissionais da área da saúde se reuniram nesta terça-feira, 13, para discutir o que, para muitos pacientes, ainda soa como uma promessa distante: um atendimento verdadeiramente humanizado, que enxergue o indivíduo além da doença.O seminário “Na Pele do Paciente”, promovido pela Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB), aconteceu no Mundo Plaza Business Center e traz como proposta principal inverter a lógica tradicional do atendimento médico, colocando em destaque a experiência e a percepção de quem é atendido.O evento discutiu desde a empatia no contato direto até aspectos técnicos invisíveis ao público, mas fundamentais para garantir segurança, confiança e acolhimento.Para o presidente da AHSEB, Mauro Adan, o foco do seminário é ampliar a compreensão sobre o que o paciente espera – e precisa – ao ingressar em um ambiente de cuidado.“Cada vez mais é importante que as instituições de saúde se concentrem em cuidar das pessoas, não apenas do ponto de vista técnico, mas também olhando para a saúde mental e para a individualização do atendimento. O paciente não é só uma doença, ele é um CPF com expectativas e necessidades”, afirma.Hospitais na Bahia enfrentam desafiosAdan destaca que os hospitais baianos já reconhecem a importância da humanização, mas que ainda enfrentam desafios para consolidar essa prática em todas as etapas da jornada hospitalar.

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“Existem muitos aspectos burocráticos, legais e operacionais que consomem tempo e energia. Mesmo assim, o interesse no tema é crescente — as vagas do seminário se esgotaram na semana passada, o que mostra como as instituições estão comprometidas em aprimorar seus serviços”, completa.Entre os debates levantados no evento, um dos pontos centrais é a compreensão de que qualquer atendimento em saúde — seja uma simples consulta ou um procedimento de alta complexidade — exige atenção redobrada.“Uma coleta de sangue pode parecer trivial, mas para quem está ali, pode ser um momento de tensão, de dúvida, de medo. Se o profissional não se comunica bem, não acolhe, pode gerar uma grande insatisfação”, aponta Adan. “Todo atendimento precisa colocar o paciente no centro, inclusive emocionalmente.”Nova organizaçãoUm dos destaques da programação foi a palestra de Marcelo Boeger, presidente da Sociedade Latino-Americana de Hotelaria Hospitalar. Ele propõe uma reorganização do cuidado baseada nas diferentes jornadas que os pacientes percorrem — da UTI neonatal ao pronto-socorro, da quimioterapia ao exame eletivo.

Seminário aconteceu em Salvador nesta terça

|  Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

“Cada jornada tem seus próprios pontos de contato, tempos de espera e expectativas. Os hospitais precisam desenhar esses caminhos de forma estratégica, reunindo as equipes envolvidas para pensar em fluxos, falas, processos e consequências. Pequenas falhas, mesmo que inofensivas tecnicamente, podem impactar profundamente a percepção do paciente sobre a qualidade do serviço”, explica Boeger.Para ele, engajar as equipes nesse processo é um desafio, mas essencial. “É preciso fazer com que cada profissional — da recepcionista ao fisioterapeuta — entenda o impacto do seu trabalho na jornada do paciente. Todos fazem parte da cura.”Ao comentar o cenário baiano, Boeger reconhece a fama de hospitalidade do povo local como um trunfo, mas alerta: “Esse calor humano precisa estar aliado à organização dos serviços, aos treinamentos e à estrutura. Muitas vezes, a humanização é feita de forma improvisada. É preciso profissionalizar esse cuidado.”O seminário “Na Pele do Paciente” surge, portanto, como uma oportunidade não apenas de troca de experiências, mas de reafirmação de um compromisso que vai além da medicina tradicional: o de cuidar com técnica, mas também com escuta, respeito e humanidade.

Fonte: atarde.com.br

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